É graduada em História e professora de ensino médio e de educação especial. Sua monografia de formatura versou sobre a construção do açude Lima Campos, resultado de uma série de entrevistas que ela fez com os moradores mais antigos.
Esse trabalho, que junto às pessoas mais idosas da vila onde reside, a estimulou seguir adiante com suas pesquisas, bem como a ser observadora dos acontecimentos que envolvem sua comunidade.
Altivista católica, ela conversa sobre a festa de São Sebastião que acontece no mês de janeiro. Relata que no dia da abertura chegam pessoas das comunidades rurais que, juntamente com os moradores da vila hasteiam a bandeira de São Sebastião em frente a igreja.
Daí, nove noites de novenas, quando a praça e as ruas de Lima Campos ficam superlotadas de gente que afluem para as quermesses.
"...Todo mundo prepara suas casas pra receber os filhos da terra que moram fora, justamente nesse mês de janeiro eles chegam aqui em Lima Campos pra assistir as novenas e também pra participar da procissão, que é o términio da festa"...
Maria Bonfim informa que a procissão acontece tradicionalmente às cinco da tarde do décimo dia da festa.
Esse dia não é fixo, pois a programação é feita para que caia em um domingo. O motivo não é mais atender as conveniências dos chefes locais do DNOCS, mas permitir que os filhos da terra que trabalham fora e não podem ir às novenas, possam ao menos acompanhar a procissão.
Sobre a procissão propriamente dita, Maria Bonfim diz que é acompanhada por milhares de pessoas, vindas não só das comunidades rurais do distrito, mas do Icó e de municípios vizinhos.
Os fiéis formam uma massa humana em que predomina a cor vermelha, mulheres de saia e blusa vermelha e homens de calção vermelho com uma faixa vermelha sobre o tronco nu.
Todos descalços ao sol escaldante de janeiro.
Outra permanência muito viva do sertão arcaico em Lima Campos, revelada por Maria Bonfim, é a festa dos caretas, na sexta-feira da paixão e sábado de aleluia, homens com máscaras horrendas fazem súcia e, acompanhado por um sanfoneiro e por batidas de latas, andam aos gritos pelas as ruas da vila carregando o judas, expondo-o ao escárnio geral devido ao beijo traiçoeiro que deu em Nosso Senhor.
A comitiva sai recolhendo, junto à população, as prendas para a festa de enforcamento do " malfazejo".
Os caretas mudam a voz quando vão pedir nas casas. As prendas são redistribuídas à população nas Rodas do Caretas.
Extraìdo do Livro: "Bem Vindo ao Reino do Louro e da Peixada" ( José Mapurunga).
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