quarta-feira, 11 de julho de 2012

POESIA E LITERATURA


Toda casa de taipa abandonada guarda um grito de fome dentro dela


Visitando o torrão dos meus avós

Vi que o tempo havia destruído

Um pequeno casebre protegido

Pela sombra duma cerca de aveloz.

À direita inda havia uns mororós

Como que emoldurando uma aquarela,

No terreiro um pedaço de gamela,

Um ferrolho e um cabo de enxada.

Toda casa de taipa abandonada

Guarda um grito de fome dentro dela.



No monturo daquela moradia

Avistei uns arreios de vaqueiro,

Uma canga, uma vara de carreiro,

Um balaio emborcado, uma bacia.

Eu diante de tanta nostalgia

Fui sentindo um entalo em minha goela

E chorando passei pela cancela

Com a alma mais triste e mais pesada.

Toda casa de taipa abandonada

Guarda um grito de fome dentro dela.


(Mote de Ademar Macedo)

Autor: Wellington Vicente.

Altinho-PE, 21/05/2008.

Do blog do Léo Medeiros o Poeta Popular.

  



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