Foto: Honório Barbosa
Ocupação na sede do órgão é por tempo indeterminado, segundo as lideranças FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Os manifestantes impediram o funcionamento da instituição e a ocupação é por tempo indeterminado até que as reivindicações apresentadas ao órgão sejam atendidas.
Os irrigantes apresentaram uma pauta de reivindicações que inclui a licitação imediata para construção do canal de adução que vai transpor água para 70% do perímetro que está desativado há 13 anos; liberação de recursos para obra de recuperação de infraestrutura do perímetro; apresentação de um projeto de autosustentação das unidades produtoras; e regularização fundiária dos lotes.
De acordo com a liderança do movimento, está marcada para hoje, quarta-feira, dia 17, às 14 horas uma audiência pública na unidade do Dnocs, nesta cidade. "Só vamos sair daqui quando nossas reivindicações forem atendidas", disse o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó, Ireudo Félix. "Estamos cansados de esperar por promessas que não são cumpridas". O chefe da Unidade do Médio Jaguaribe do Dnocs, Francisco Alves de Andrade, mais conhecido por Freitas, disse que comunicou de imediato à diretoria estadual do órgão em Fortaleza a ocupação pelos irrigantes.
Audiência
"Estamos sem condições de trabalhar e o expediente foi encerrado por tempo indeterminado", disse. "Falei com o diretor estadual do órgão, José Folb Ferreira Gomes, comunicando sobre a mobilização".
Freitas prevê que para hoje, quarta-feira, não será possível ocorrer a audiência solicitada pelos manifestantes, pois os diretores do órgão estão viajando. "Acreditamos que até o fim desta semana haverá a reunião para discutirmos a pauta de reivindicações dos manifestantes", disse. "Até lá estamos sem condições de trabalhar".
O diretor da Associação do Distrito de Irrigação Icó-Lima Campos, Rui Teixeira Pinto, reafirmou que os manifestantes vão permanecer acampados no órgão até as reivindicações serem discutidas e atendidas. "Estamos esperando há vários anos por essa obra, do canal de adução, que é importante, pois 70% do perímetro estão paralisados por falta de água irrigada", explicou. "As decisões no Dnocs são tomadas a passos de tartaruga e a situação dos produtores rurais é grave, sem produção e renda".
Rui Pinto explicou que a situação agravou-se ainda mais depois de dois anos de seca. "Os jovens, filhos dos irrigantes, vão embora para São Paulo em busca de trabalho, por que aqui não há condições de vida". De acordo com o movimento, há R$ 16 milhões que foram disponibilizados pelo Dnocs para a construção do canal de adução, mas somente agora que o órgão está providenciando o pedido de licença ambiental na Superintendencia Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Há 13 anos que o sistema de bombeamento foi paralisado no Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos, por ser de alto custo e obsoleto. Desde então, 70% das unidades de produção (Pedrinhas, NH2, NH3, GH1, GH2, BR, KL e M) estão dependendo das águas da chuva. "Isso é um absurdo", disse José Santana, do MPA. "Não há produção e renda dos agricultores acabou-se".
União
O vereador Víctor Monteiro e a vereadora Maria do Cal apoiaram a manifestação dos irrigantes. "Estamos unidos nessa luta que é justa", disse Monteiro. "Vamos permanecer do lado dos agricultores até eles conseguirem as suas reivindicações".
O produtor Vilmar Félix disse que há vários anos que dos irrigantes esperam pela regularização fundiária dos lotes do perímetro e por obras de recuperação de infraestrutura (canais e acesso às áreas produtivas). "Há cerca de 24 milhões já sinalizados pelo Ministério da Integração Nacional para esse projeto", frisou.
Os números da Associação do Distrito de Irrigação Icó-Lima Campos (Adicol) mostram a baixa utilização do perímetro que tem área total de 10 mil hectares. A área irrigada é de 2,4 mil hectares, mas apenas a metade, está em operação com cultivo de culturas permanentes (fruteiras e capineiras) e temporárias (arroz, abóbora, feijão e milho).
No Ceará, a maioria dos 14 perímetros de irrigação implantados e administrados pelo Dnocs apresenta precária infraestrutura e baixa produção, dentre outros problemas. Cada projeto convive com dificuldades, tais como a precariedade na irrigação, falta de assistência técnica e a inexistência de canais, de diques, de drenos, das estradas internas e a baixa produtividade é um quadro comum às áreas de produção.
Implantados a partir da década de 1970, como projeto de produção agropecuária no semiárido cearense, os perímetros, atualmente, não cumprem o seu papel. Os colonos mais antigos estão cansados e os filhos não encontram incentivos para continuarem a luta diária no campo.
HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER
Diário do Nordeste
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