foto: Honório Barbosa |
Icó Modernos sistemas de irrigação com tecnologia importada de Israel, no Oriente Médio, conquistam produtores rurais no sertão do Ceará. Uma experiência inédita, neste município, na região Centro-Sul do Estado, começa a ser implantada na bacia do Açude Lima Campos para o plantio de 15 hectares de milho, por meio do sistema de mini aspersão fixa.
Os cultivos já apresentam melhor desenvolvimento com a água garantida Fotos: Honório Barbosa
A novidade no município desperta a atenção de outros produtores rurais. A iniciativa é do agricultor, João Roberto Neto, que busca na tecnologia redução de consumo de água, de custo de energia elétrica e de despesas com mão-de-obra, cada vez mais difícil no campo. O plantio do milho foi feito há 45 e deve ser colhido a partir de 15 de setembro próximo. A estimativa de colheita é de 70 toneladas de milho em grão ou de 300 toneladas de silagem.
A implantação de modernos sistemas de irrigação no entorno do açude Lima Campos somente é possível porque há dois anos rede de energia elétrica foi instalada na bacia do reservatório. Construído em 1932, o açude não cumpria com o seu potencial de irrigação de forma adequada desde então.
A terra na bacia do reservatório é fértil, composta de vertissolo (coberto ). Até a primeira metade da década de 1980, era celeiro de produção de algodão. Com o fim do ciclo do conhecido "ouro branco", alguns produtores passaram a cultivar milho e, nas terras inundáveis, arroz, irrigado, no segundo semestre de cada ano. Sem energia elétrica, a irrigação era feita com uso de motores movidos a óleo diesel, que elevam o custo de produção.
Por isso, muitas áreas permanecem ociosas. Entretanto, com a chegada da rede elétrica, a tendência é de que a paisagem do lugar seja modificada e o verde da lavoura irrigada passe a predominar.
Roberto Neto deu o passo inicial. Outros estão em fase de implantação de sistemas de irrigação de aspersão fixa para o cultivo de capim forrageiro: Inácio Sobreira e Fernando Ferreira. "Sem tecnologia que resulte na economia de água e aumente a produtividade, o cultivo não é viável", disse Roberto Neto. "Implantei o projeto por necessidade, para atender à demanda de pequenos produtores e obter renda", observou.
O produtor rural investiu cerca de R$ 100 mil no sistema de irrigação. "A minha ideia é produzir silagem ou vender os grãos de milho para os criadores", disse João Roberto Neto. "No início de setembro vou decidir". O modelo implantado permite três cultivos por ano, com rotação de culturas de ciclo curto para evitar o desgaste do solo.
Roberto Neto pretende, em breve, instalar um sistema de dupla tarifa para possibilitar a irrigação noturna com desconto de até 85%. "Já solicitei o sistema à Coelce", disse. "Estou aperfeiçoando, corrigindo falhas para melhorar a produtividade".
A falta de assistência técnica foi criticada por Roberto Neto. "Estive no escritório da Ematerce, em Icó, mas infelizmente não há apoio, orientação técnica, e a gente tem de aprender errando", reclamou.
De acordo com o tecnólogo em irrigação, Renato Torres, da empresa Servelétrica, especialista em venda e instalação de sistema de irrigação, nos últimos cinco anos vem crescendo a venda de modernos modelos baseados em tecnologia israelense. "Em todos os meses, são implantados cerca de 40 hectares e as culturas de milho e capim predominam", afirmou.
O sistema de mini aspersão fixa é automatizado e permite o controle da área a ser irrigada, com horário pré-definido, quantidade de água liberada, medida em milímetros, de acordo com a cultura, as características do solo e clima. Há possibilidade ainda de adição de adubo diluído na água. "A eficiência de irrigação é em torno de 85%", explica Torres. "Resulta em economia de água, redução de consumo de energia e também dos custos de produção".
Plantio de arroz
Depois da Bacia do Orós, as várzeas do Lima Campos, que banham terras de Icó e Orós, formam o segundo maior centro de produção de arroz irrigado da região Centro-Sul. São cerca de 500 pequenos produtores que vivem da agricultura e pecuária de base familiar.
Nas localidades de Pedregulho, Lagoa Funda, Cajazeiras e Tabuleiro, o plantio de arroz irrigado já começou. O trabalho é intenso e se estende até, quando deve se concluída a colheita dos grãos. São cerca de 600 hectares cultivados, mas o modelo de irrigação é o tradicional, isto é, por inundação da lavoura.
A produtividade média é de cinco mil quilos por hectare. Um índice baixo em relação a outros centros produtores. "É uma atividade importante, porque gera emprego, mantém as famílias no campo e ainda assegura a produção de grãos para consumo próprio e comercialização do excedente", observa o técnico rural, Cláudio Souza.
Os pequenos produtores de arroz irrigado no entorno do açude Lima Campos reclamam contra o preço do produto que mal cobre os custos de produção.
"É desestimulante, mas a cada ano a gente resiste e mantém a produção, porque é área própria de cultivo de arroz, cultura temporária", disse o agricultor, José Moreira.
Mais informaçõesFazenda Córrego da Gia
Fones: (88) 3563.4138
(88) 9238. 8937
Servelétrica
Fone: (88) 3581. 1478
HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER
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O que mudou após os equipamentos?
"Depois da instalação da rede de energia elétrica, a bacia do açude Lima Campos aos poucos voltou a produzir, ampliando o número de emprego e renda no campo. Agora nós estamos bem mais animados"Inácio SobreiraProdutor rural
"Só foi possível instalar um sistema moderno de irrigação graças à rede elétrica que foi instalada na Bacia do açude Lima Campos e, agora, com esse projeto teremos três safras irrigadas por ano"João Roberto NetoProdutor rural
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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