A Vila do Icó, instalada em 1738, foi a terceira do Ceará, precedida pelas vilas de Fortaleza e Aquiraz. O povoado se instalou no entroncamento de três importantes estradas à época, tornando-se peça-chave no povoamento e distribuição de matéria prima para o sertão e litoral. A região era responsável por dois exercícios de extrema importância econômica: o plantio de algodão e a pecuária do eixo Icó-Aracati. Tais práticas foram cruciais para a reestruturação da Vila que foi tantas vezes abalada pela seca, recebendo apoio governamental apenas em momentos de crise climática. No século XX, a Estrada de Ferro de Baturité ficou pronta, tornando Fortaleza pólo comercial e desmoronando a importância econômica de Icó, e nos anos 30 deu-se início à famosa seca da década, deixando a região muito fragilizada. Em 1932, a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas desengavetou e botou em prática os projetos feitos para um açude público mas nunca executados. Já no inverno de 33, o açude estava pronto graças à mão de obra dos flagelados que trabalharam nele todos os dias em troca de apenas um prato de comida. Nomeado de Lima Campos, homenagem ao diretor do IFOCS, o açude deu novas esperanças à região e fez nascer ao seu redor o novo distrito de Icó, batizado com o mesmo nome da barragem, povoado pelos trabalhadores remanescentes da obra. Hoje, o açude é garantia de sustento para muitos moradores da região. Lá, a piscicultura é fortemente promovida e abriu portas para a Peixada de Lima Campos, hoje tradicionalíssima no cardápio icoense. O clássico tucunaré agora abre espaço para outras espécies de peixe, dado tamanho sucesso e consequente aumento da demanda do prato. Servido de maneira inovadora, a iguaria é formada de postas cozidas, filé frito e peixe inteiro frito, acompanhados de arroz branco, baião de dois, pirão e vinagrete. A Peixada representa não só o sustento das famílias mas também a história de resiliência do povo de Icó, e de Lima Campos, frente à austeridade da seca.
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